Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, a fertilidade feminina não depende apenas do sistema reprodutor, mas também de órgãos e funções que, à primeira vista, parecem distantes desse processo. Um exemplo claro é o intestino. Estudos recentes vêm destacando a relação direta entre a microbiota intestinal e a regulação hormonal, especialmente no que se refere à ovulação e equilíbrio do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano.
A microbiota intestinal é composta por trilhões de bactérias que vivem no trato gastrointestinal e exercem funções essenciais, como a produção de vitaminas, modulação da imunidade e metabolismo de hormônios. Quando essa microbiota está em desequilíbrio, um quadro conhecido como disbiose, o organismo pode apresentar alterações hormonais que dificultam a ovulação, prejudicam o ciclo menstrual e comprometem a fertilidade como um todo.
Como a flora intestinal afeta os hormônios reprodutivos
De acordo com pesquisas científicas, o intestino abriga bactérias que participam da recirculação de estrogênios por meio da produção de enzimas como a beta-glucuronidase. Tosyn Lopes comenta que, quando há disbiose, essa atividade pode se tornar disfuncional, provocando excesso ou deficiência de estrogênio na corrente sanguínea, o que interfere diretamente na qualidade do ciclo ovulatório.
Ademais, uma microbiota equilibrada ajuda a reduzir a inflamação sistêmica e a modular o eixo neuroendócrino, favorecendo o bom funcionamento do hipotálamo e da hipófise, que são responsáveis por sinalizar aos ovários quando ovular. Mulheres com distúrbios hormonais como SOP ou endometriose frequentemente apresentam também alterações no perfil intestinal, o que reforça a importância de avaliar a saúde digestiva em tratamentos de fertilidade.

Disbiose intestinal e impactos na ovulação
Frisa Oluwatosin Tolulope Ajidahun que a disbiose pode ser causada por diversos fatores, como dieta rica em ultraprocessados, uso prolongado de antibióticos, estresse crônico, sedentarismo e distúrbios do sono. Essa condição afeta a produção de metabólitos importantes, como ácidos graxos de cadeia curta, que exercem efeitos anti-inflamatórios e protetores sobre os tecidos ovarianos.
Nota-se que o desequilíbrio intestinal também pode levar à maior permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo a entrada de toxinas na corrente sanguínea. Isso ativa o sistema imunológico e pode resultar em inflamações silenciosas que interferem na função ovariana. Muitas mulheres não apresentam sintomas digestivos aparentes, o que torna o diagnóstico mais desafiador e exige avaliação funcional aprofundada.
Modular a microbiota como estratégia de fertilidade
Tosyn Lopes aponta que a modulação da microbiota intestinal vem ganhando espaço como abordagem complementar nos tratamentos de reprodução assistida. Estratégias como o uso de probióticos, prebióticos, fibras alimentares, além de ajustes nutricionais personalizados, têm demonstrado impacto positivo na regulação do ciclo menstrual e na melhora da qualidade ovulatória.
Intervenções que visam restaurar a saúde intestinal também ajudam a reduzir a resistência insulínica, melhorar a absorção de nutrientes fundamentais para a fertilidade, como o zinco, selênio e magnésio, e equilibrar o metabolismo de estrogênio e progesterona. Tudo isso contribui para uma resposta ovariana mais eficiente e para o preparo adequado do endométrio para receber o embrião.
Prevenção, diagnóstico e perspectivas futuras
Ressalta Oluwatosin Tolulope Ajidahun que a prevenção da disbiose intestinal pode ser uma aliada poderosa no planejamento reprodutivo. Adotar uma alimentação rica em vegetais, frutas, cereais integrais e gorduras saudáveis, além de manter um estilo de vida ativo, são medidas simples que trazem grandes benefícios para a microbiota e, por consequência, para os hormônios reprodutivos.
No futuro, a análise do microbioma intestinal poderá fazer parte da rotina de investigação da infertilidade feminina, permitindo tratamentos cada vez mais individualizados. O corpo humano funciona de forma integrada, e reconhecer essas conexões é essencial para ampliar as possibilidades terapêuticas e alcançar melhores resultados na jornada da maternidade.
Autor: Valery Baranov
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